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A história do teatro confunde-se com a história da humanidade. A arte de representar advém das situações vividas pelo ser humano que, por culto, religiosidade, louvor, prestígio, entretenimento, registo, ou simplesmente pela pura expressão artística expressa os seus sentimentos num mundo da fantasia muito parecido com um mundo real. O mundo evolui e a arte de representar acompanha essa evolução.
Passam os séculos e os homens ali estão vivendo, sobrevivendo e exortando, através da arte, a sua relação interpessoal, o seu passado e o seu futuro, os seus medos e os seus ideais, as suas vontades e desejos. O teatro data desde o séc. VI a.C., mas, analisando melhor, há a possibilidade de o homem constituir um vínculo com essa arte bem antes do surgimento do teatro como cerimónia grega. Assim como o macaco provoca confusões, bate palmas, mostra os dentes, o homem pré-histórico já utilizava a arte de representar, em favor dos seus deuses misteriosos, nos rituais de antropofagia, nas danças para o fogo ou para a chuva, na simples demonstração do que o macho supremo deve fazer, impondo respeito diante dos outros machos, alongando o peito e dando gritos de ordem. Ou seja, a representação de um personagem, a imitação de outro ser, como diz Aristóteles, “é uma prerrogativa do próprio homem”. O tempo é essencial para o amadurecimento das ideias dos homens. A contribuição de génios possibilita que o homem embarque nas filosofias, num processo de criação que não pára. E assim, surge a história cronológica do teatro, que apresenta personalidades importantes para o crescimento dos conceitos e das filosofias humanas. Homens iluminados que se completam, que juntos fazem a história acontecer de forma fácil, veloz, onde e quando querem, mesmo com todas as barreiras impostas pelos homens estagnados e mesmo com todo o atraso da ciência e da tecnologia humana. O teatrólogo vê a vida, conhece o ser humano, exorta o seu brilhantismo calcado na observação, no comportamento de sua gente e isso é o que faz a diferença. Ver o mundo é fácil, mas há de se ter olhos para isso! Olha quantas riquezas ao redor, e mesmo assim, as pessoas não vêem, ou não querem ver, pois estão presas dentro de uma casca grossa que só os permite ver dificuldades. Enquanto isso, o tempo corre, o mundo fica sujeito a mudanças e elas ocorrem graças aos filósofos, aos artistas, aos sábios, que têm a função de, na sociedade captar o inefável e o incomensurável para transmitir ao seu público, onde nenhuma pergunta fica sem resposta e onde os maiores anseios do homem são atendidos. A Dança, que é a linguagem do corpo, nasceu com os primeiros passos humanos. A dança foi o primeiro de todos os actos religiosos. Daí dá-se a transformação da dança mágica ao drama ritual, tendo por instrumento fundamental a Máscara. Por meio da máscara, fixa-se na dança o conteúdo representativo que a transforma em drama. O drama só se desligou verdadeiramente do ritual sagrado quando soube fazer da aventura humana o centro e o objecto da representação. Tal transformação deu-se graças ao génio grego. Podemos comparar o homem primitivo a uma criança que acredita em diversas histórias que tentam explicar o mundo e os seus fenómenos naturais. Até hoje, quando vivemos um espantoso avanço tecnológico e científico, que nos permite um extraordinário conhecimento e controle da natureza, não conseguimos explicar muitos dos mistérios da natureza. Imagem há milhões de anos atrás! O homem primitivo, completamente ignorante, perdido e assustado, começa, então, a criar histórias que vão tentar explicar o mundo e a vida. É através destas histórias que ele tenta compreender e controlar a natureza, a vida, a morte, o nascimento, a fertilidade do solo, a origem do universo, que para ele eram obra dos deuses. Ao conjunto destas histórias damos o nome de mitologia. Como veremos, associação Teatro/Religião surge repetidamente enunciada sempre que se procura mergulhar nas origens do Teatro. Tudo se pretende explicar partindo da Grécia como fonte primeira do Teatro. Novas hipóteses de trabalho e dados científicos têm vindo a lume, amontoando-se para explicar as origens do espectáculo. Assim, embora possamos afirmar que a fonte primária da história do teatro enquanto fenómeno espectacular organizado está situada na Grécia clássica, noutras civilizações milenares, o teatro tem raízes históricas profundas, quase sempre ligadas a belas lendas, mitos, histórias extraordinárias que foram passando de geração em geração, e que mostram, de forma inequívoca, o poder hipnotizador da arte de representar.
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TEATRO 16Iniciando a aventura, CITAÇÃO DO DIA
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Dezembro 2016
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