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Peter Brook (1925 – ) Encenador, é uma das peças chave para a compreensão do teatro no século XX. Quanto mais o teatro expande os seus limites e uma nova consciência do fenómeno teatral se consolida, mais evidente se torna a influência deste encenador inglês radicado em França, sobre todo o mundo do teatro, em todas as latitudes. Autor do livro «O Espaço Vazio». Pontos de análise 1. Peter Brook é uma das personalidades mais importantes do teatro da segunda metade do séculi XX. Tanto a sua obra como os seus livros são conhecidos no mundo inteiro e são referência obrigatória para todos quantos se interessam pelas artes cénicas. Autor e encenador britânico, extendeu os limites do teatro além da dramaturgia, dramaturgos e as suas obras. Ao mesmo tempo, é um apaixonado da tradição clássica, um célebre encenador de Shakespeare; a sua paixão pela arte cénica levou-o a aventurar-se em outros territórios, como a ciência; introduziu noções desiquilibrantes e integradoras no panorama europeu - os melhores exemplos são a opção por trabalhar com um elenco multicultural ou a introdução de temas e noções apreendidas de outras culturas, distantes da tradição da cultura ocidental. 2. Peter Brook é um dos grandes maestros do teatro internacional, vivo e em plena atividade. Durante as últimas décadas, o teatro assistiu o desaparcimento de outros célebres criadores, que trouxeram uma nova dimensão linguística e outras perspetivas sociais. Todos eles, além das inovações técnicas que proporcionaram, converteram a arte cénica numa tribuna previligiada de reflexão social. Dentro destes, talvez Brook seja aquele que mais inspira admiração indiscutível no meio teatral, desde ambientes amadores às academias mais sofisticadas. 3. Jovem profissional de sucesso, instalado no conforto do teatro comercial inglês, decide sair de Londres para investigar novas formas de abordar o fazer teatral. Realiza longas viagens por diferentes países africanos e orientais em busca de uma essencialidade, ou seja, investigando sobre os elementos constitutivos que conformam a comunicação artística teatral em diferentes contextos sócioculturais. 4. As suas viagens serviram para conhecer, em primeira mão, outras formas de estabelecer vínculos com o espetador. Fruto dessas experiências, empreende uma reflexão comparativa entre a expressão artística e cultural dos distintos povos africanos e orientais visitados e os procedimentos típicos do teatro ocidental, nomeadamente, a tradição shakespeareana, em cujas bases se formou. 5. Fruto desta experiência cria, em 1971, o Centro Internacional de Investigação Teatral, integrado por atores e atrizes naturais dos países frequentados nas suas viagens. Peter Brook forma, provavelmente, a equipa de criação teatral mais intercultural e interracial do século XX. O momento culminante deste processo ocorre quando o grupo se estabelece a partir de 1974 no Teatro Bouffes du Nord, uma sala abandonada no norte de Paris, que a companhia descobre quase por acaso. Brook decide estabelecer-se naquele local sem efectuar grandes alterações físicas, apenas algumas melhorias técnicas que possibilitaram o desenvolvimento dos espetáculos. 6. Para Brook, a ausência de elementos decorativos supérfluos no interior do edifício teatral faz com que desde o momento em que entra o espetador se concentre apenas no que verdadeiramente interessa: no espetáculo e na proposta estética e ideológica em que ele se desenvolve. Não é uma sensação de uma pobreza imposta, mas antes de essencialidade, de voluntária ausência de adornos. Frequentemente as próprias paredes acabam por servir de cenário nas suas produções cénicas e isso é deliberado. Peter Brook pretende que seja o espetador a imaginar os espaços, a decorá-los e se concentre no corpo e na voz dos intérpretes. Posso escolher qualquer espaço vazio e considerá-lo um palco nu. Um homem atravessa este espaço enquanto outro observa. Isto é suficiente para criar uma ação cénica. 7. Entre os diversos autores que influenciaram o seu trabalho e as suas inclinações estéticas, destacam-se três lendas: Jerzy Grotowski, William Shakespeare y Bertolt Brecht. Brook praticou com rigor a austera estética de Grotowsky, reconhecendo o seu contributo ao que ele designou por Teatro Sagrado e ao Teatro Pobre. A sua carreira sustenta-se num teatro enquanto veículo entre o público e o intérprete, numa identidade eminentemente ritual inspirada em Grotowsky. No que diz respeito ao Teatro Isabelino, é nele que vai basear o tratamento estrutural do espaço cénico. Toda a estrutura física do Bouffes du Nord se inspira no modelo isabelino, fazendo avançar o espaço de representação sobre uma plateia disposta ao redor do ato dramático.
1 Comentário
«Posso escolher qualquer espaço vazio e considerá-lo um palco nu. Um homem atravessa esse espaço vazio enquanto outro o observa. Isso é suficiente para criar uma ação cénica.» «Para que alguma coisa relevante ocorra, é preciso criar um espaço vazio. O espaço vazio permite que surja um fenómeno novo, porque tudo que diz respeito ao conteúdo, significado, expressão, linguagem e música só pode existir se a experiência for nova e original. Mas nenhuma experiência nova e original é possível se não houver um espaço puro, virgem, pronto para recebê-la. » |
TEATRO 16Iniciando a aventura, CITAÇÃO DO DIA
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Dezembro 2016
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