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Imaginem a seguinte situação, hoje, na cidade do Mindelo: os empresários e os homens mais ricos da cidade eram obrigados, por lei, a financiar as produções teatrais dos grupos locais e a pagar todos os custos dessas montagens e a sua apresentação em grandes festivais. Os presos eram libertados da cadeia para poderem assistir às peças e apenas os homens de algumas posses pagavam o seu bilhete para entrar. Os pobres tinham o seu lugar garantido, gratuitamente. Irreal, não é? Pois era precisamente isso que acontecia na Grécia. O teatro grego nasce à sombra de um dos mais importantes festivais de Atenas, as Grandes Dionísias, celebradas no início da Primavera, em honra a Dionísio. Na procissão inicial levava-se a estátua do Deus Dionísio que era colocada na orquestra do Teatro. Nos dois dias seguintes celebravam-se os concursos de coros. Os concursos dramáticos ocupavam os três últimos dias. Eram escolhidos três poetas trágicos, que representavam, cada um deles, a sua obra inteira, num mesmo dia. Ou seja, três tragédias e um drama satírico. A este conjunto chama-se tetralogia.
O Teatro surge então como novidade artística, na Grécia do século V a.C., trazendo normas estéticas, temas e convenções próprias. Pode-se dizer que o Teatro explica o contexto histórico do século V a.C., da mesma forma que o contexto daquele momento se apreende melhor através das peças então produzidas, demonstrando a profunda inter-relação entre a sociedade e o teatro. A preparação das Grandes Dionísias ficava sob a responsabilidade de um funcionário do Governo que recrutava os coregos – cidadãos ricos que patrocinavam os coros – e com isso, garantia a produção do espetáculo. A coregia era um dos serviços públicos impostos pelo Estado ateniense aos cidadãos ricos. Com financiamento garantido, tanto para os ensaios como para as representações teatrais, que se realizavam obrigatoriamente três vezes ao ano, o corego recrutava atores, profissionalizava-os, selecionava os poetas competidores, encarregava-se da parte organizacional do espetáculo, garantia o acesso de todos os cidadãos aos espetáculos, com direito a uma ajuda de custo para o pagamento dos bilhetes e das refeições nos dias de festival, para os mais pobres. A especialização das atividades teatrais atinge tal nível na Atenas clássica que o Estado estabelece uma legislação sobre o fazer teatral, estipulando critérios de seleção dos atores para os principais papéis e seus substitutos, distribuição de personagens e recrutamento dos coreutas – integrantes do coro que contracenavam com os atores. As representações em Atenas começavam pela manhã. E assistia-se ao espetáculo com uma coroa na cabeça, como nas cerimónias religiosas. As mulheres atenienses, embora não pudessem participar da cena, podiam assistir como espectadoras, pelo menos nas tragédias. Quanto à comédia, devido a certas liberdades inerentes ao género, não era frequentada pelas atenienses mais ‘sérias’...
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TEATRO 16Iniciando a aventura, CITAÇÃO DO DIA
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Dezembro 2016
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