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Quando, vindo dos reinos das margens do Mar Negro, o culto de Dionísio atingiu a Grécia, houve quem se opusesse fortemente a ele; porém, com o tempo, o número de crentes aumentou, particularmente na cidade de Icária, no norte da Grécia. Os cidadãos de Atenas mantiveram-se hostis até que o oráculo de Apolo, em Delfos, os aconselhou a adoptarem o novo culto. A forma característica do culto de Dionísio era um desfile de foliões excitados pelo vinho, os quais transportavam uma imagem do Deus. Homens cobertos de peles de animais e usando cabeças e cornos também de animais dançavam no meio do desfile, imitando centauros (meio homens, meio cavalos) e sátiros (meio homens, meio bodes). Criaturas como estas, combinações de homem e animal, existem em todos os folclores, seja de que raça for; os povos pré-cristãos não consideravam os animais como seres inferiores. Pelo contrário, os homens julgavam-se descendentes dos animais e acreditavam que os deuses tanto podiam tomar a forma humana como a de animais.
Os homens-bode dos desfiles de Dionísio também tomavam parte em «peças de sátiro» representadas durante os festejos (a palavra Tragédia significa, originalmente, «canção de bode»). O Comus, nome do desfile de foliões, deu-nos a palavra Comédia. A dança chamava-se mimesis, palavra que é frequentemente traduzida por «imitação» e donde derivam as palavras «mímica» e «mimo». Originalmente, esta palavra significava o estado de espírito do dançarino «inspirado» (insuflado) pelo espírito do seu Deus. O signo da inspiração era a máscara; quando a punha, o dançarino tinha sido «possuído» pelo Deus. Mais tarde, estas representações dançadas passaram a ter lugar num teatro especial dedicado a Dionísio. Como parte deste espetáculo, um «coro» de homens cantava e dançava. Este coro era a evolução do antigo desfile de foliões, mas no decurso do tempo o número dos seus componentes foi limitado a 15. As mulheres não tomavam parte destas atividades, que eram próprias dos cidadãos - e as mulheres atenienses não podiam ser cidadãs. O ator grego, hypocrites («o respondente»), respondia ao coro. Téspis, ator de Icária (um dos primeiros baluartes do culto de Dionísio), foi o primeiro a fazer isto, e ainda há quem por vezes chame tespianos aos atores. Como o ator usava uma máscara, a palavra hypocrite veio mais tarde a significar uma pessoa dúplice - alguém que se faz passar pelo que não é. Por outro lado, a palavra latina para a máscara, persona, deu-nos as palavras «pessoa» e «personalidade», que significam algo de real, de genuíno. O teatro tem tido sempre o duplo carácter da sinceridade e do fingimento.
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TEATRO 16Iniciando a aventura, CITAÇÃO DO DIA
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Dezembro 2016
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